O hino escrito por Manuel de Almeida ecoa por todo o Estádio do Bessa. Os muitos adeptos que costumam ser presença assídua nos jogos ajudam ao ambiente próprio que se vive sempre no recinto boavisteiro, cantando também eles a música do clube do seu coração. No relvado, os jogadores do Boavista ostentam uma camisola nova, como sempre em tons de xadrez, mas lembrando os períodos dourados do passado e lançando um futuro que há muito é desejado nos axadrezados: o regresso à primeira Liga. Os adversários ainda são do Campeonato Nacional de Seniores mas em breve, ao que tudo indica, serão do mais alto escalão do futebol português. Na gola do novo equipamento lê-se «Pantera mostra a tua garra», no peito, gravado em tons de dourado, vê-se o número 110 relativo aos anos de existência e numa das mangas, desenhados também em dourado, estão os principais troféus que o Boavista conquistou ao longo da sua história: uma Liga portuguesa, cinco Taças de Portugal e três Supertaças Cândido de Oliveira. Jogadores como Frechaut, Ricardo Silva e Fary, experientes no futebol português e com uma enorme ligação afetiva ao Boavista, são alguns dos futebolistas que vestem orgulhosamente a nova camisola. A estes juntam-se jovens que fazem parte da equipa e que querem devolver o clube ao patamar a que se habituaram a ver durante a infância. Fary: «Vou acabar a carreira como sempre disse: com o Boavista na primeira divisão»Fary está a cumprir a oitava temporada ao serviço do Boavista, uma ligação que começou em 2003 e que apenas foi interrompida entre 2008 e 2011. Atualmente é o capitão de uma equipa que considera uma família e admite ser a voz do treinador dentro do campo.No Bessa, o avançado de 38 anos já pensa no final da carreira mas o término do percurso como jogador irá acontecer com o cumprimento de uma promessa que fez quando regressou ao Boavista em 2011. «Quando voltei quase ninguém acreditava que o Boavista ia continuar. Toda a gente dizia que ia acabar, mas eu sempre disse, e as pessoas podem confirmar, que ia acabar a carreira no Boavista e na primeira divisão. Espero poder ajudar no próximo ano. Não é que vá ser uma peça chave dentro do campo, mas espero estar aqui para ajudar o treinador e os boavisteiros porque vai ser uma fase nova pela qual o clube vai passar», afirmou Fary, em entrevista ao zerozero.pt. «Gostava de continuar no próximo ano, ajudar estes miúdos e cumprir o que prometi quando cá voltei: jogar com o Boavista na primeira divisão», acrescentou, mostrando-se orgulhoso por ter a responsabilidade de ser o capitão de equipa. «É um grande orgulho ser o capitão. Para ter um treinador que é mais novo do que eu é porque o clube tem confiança em mim. É muito bom poder jogar com estes miúdos, sendo que tenho idade para ser pai da maioria. Juntos formamos uma grande equipa», continuou, feliz pelo respeito que goza entre o universo axadrezado. «Sempre senti o Boavista. Desde a minha contratação em 2003 que sempre fui amado pelas pessoas. Mesmo quando saí sempre soube o que se passava aqui e por isso é como se nunca tivesse saído do clube. Sempre tentei ajudar o Boavista porque este emblema e estas pessoas merecem. A mim dão-me tudo e eu tento retribuir da mesma forma, quer dentro, quer fora do campo», disse, traçando uma comparação entre o primeiro Boavista que representou, ainda na primeira divisão, e o atual, que milita nos escalões não profissionais. «Antigamente éramos profissionais. Vínhamos aqui para jogar, ganhar e ir embora. Hoje somos uma família, talvez como o Boavista era antes de ser campeão. Recuperámos esses hábitos. Esta fase foi e ainda é dura mas também trouxe coisas boas, uma delas é que o Boavista é hoje em dia uma família». Frechaut: «É com carinho que recordo o período em que fomos campeões»À exceção do treinador Petit, Frechaut é o único elemento que faz parte do plantel do Boavista que se sagrou campeão nacional ao serviço do clube portuense.Contratado em 2000 ao Vitória de Setúbal, o ex-internacional português foi utilizado por Jaime Pacheco em 21 jogos, tendo marcado dois golos na temporada do título. Mais de uma década depois, Frechaut recorda com saudade a primeira passagem pelo Bessa. «É com muito carinho que recordo o período em que fomos campeões nacionais. Foi uma altura na qual demos tudo pelo Boavista e é esse tipo de valores que eu, assim como os jogadores mais experientes, tento transmitir aos mais jovens que estão cá», disse, ao zerozero.pt, o defesa de 36 anos. «Para nós significa muito vestir esta camisola. O Boavista é um clube com muita história, que tem muitas coisas ganhas e cada vez que vestimos a camisola sentimos a responsabilidade e o peso que um clube com esta história tem», continuou, mostrando-se satisfeito com os pormenores desenhados na camisola que os jogadores utilizam esta época. «O Boavista está a passar mais uma etapa do seu crescimento. Para o ano espero que seja recompensado com a merecida subida à primeira Liga e com estas camisolas, para já, podemos lembrar um pouco daquilo que era o Boavista no passado e que queremos que volte a ser no futuro». Ricardo Silva: «Espero acabar a carreira no Boavista»Formado no Boavista e capitão nos vários escalões jovens antes de subir a sénior, Ricardo Silva deixou diretamente a primeira divisão para representar o Boavista no Campeonato Nacional de Seniores. Agora, a expectativa é fazer o percurso inverso ao serviço dos axadrezados. «O regresso ao Boavista está a ser bom. Não tinha a ideia de regressar, o convite foi feito pelo meu amigo Petit, com quem cresci neste clube desde pequeno. Mas estou cá com muito gosto e espero acabar a carreira no clube no qual comecei para o futebol», disse o defesa-central, em entrevista ao zerozero.pt. «Não sei se será na primeira divisão. Para já apenas penso no imediato e isso passa por ajudar o Boavista a ganhar sempre e mostrar aos mais novos o que é verdadeiramente o Boavista e prepará-los para o futuro. A responsabilidade neste clube é sempre enorme, apesar de estar a passar uma fase mais complicada da sua existência. O Boavista é um clube grande, um clube centenário com vários títulos e estamos todos com o espírito de levá-lo àquilo que era antes, um clube vencedor». Carraça: «É um peso enorme vestir esta camisola»Carraça é o rosto mais visível da formação do Boavista na equipa principal. A cumprir a segunda temporada sob o comando de Petit, o médio de 20 anos é titular nos atuais líderes da Série C do Campeonato Nacional de Seniores (cinco vitórias em cinco jogos) e aguarda com expectativa a possibilidade de jogar no principal escalão.«É com muita expectativa e com muito trabalho que aguardo a possibilidade de poder jogar pelo Boavista na primeira divisão. Tem sido um privilégio representar este clube. Vim da formação, este é o segundo ano como sénior e o meu sonho é poder representar o Boavista na primeira Liga com estes jogadores e com esta equipa técnica porque me têm ajudado muito», disse, ao zerozero.pt. «É um peso enorme vestir esta camisola. O historial do clube é muito grande e este ano o equipamento lembra-nos de todas as conquistas passadas e de todos os grandes jogadores que também já vestiram a camisola do Boavista», acrescentou, garantindo que se lembra do ano em que o clube do Bessa se sagrou campeão nacional. Tinha ele oito anos. «Lembro-me perfeitamente do Boavista campeão. Recordo-me que eles tinham uma forma de jogar muito própria, com muita raça. Vi o jogo do título pela televisão e lembro-me da grande festa que foi». Como nasceu a ideia da nova camisola
Tiago Couto é o responsável pela camisola do Boavista. Uma camisola a recordar o passado mas a pensar no futuro
«Pesquisei o equipamento de várias equipas, mas especialmente os do Boavista. Dei mais ênfase ao equipamento do ano do título e quis trabalhar por aí. Usei os dourados para conotar os tempos do Boavistão, os tempos dourados do clube. Usei também uma frase na gola como incentivo para os jogadores e os títulos conquistados na manga para perceberem a história, mas também para quererem fazer mais pelo clube», explicou Tiago Couto. «Acredito que o facto de esta camisola ter gravados os títulos já conquistados pode fazer com que os jogadores queiram também fazer história pelo Boavista», acrescentou, expressando, tal como os futebolistas, o desejo de ver os axadrezados no principal escalão do futebol português. «O Boavista é a quarta equipa com mais títulos a nível nacional e por isso sabia que a visibilidade desta camisola ia ser grande. Ainda assim, não é a visibilidade que deveria ter porque este não é o campeonato para um clube como este, sem querer menosprezar as outras equipas. O Boavista é uma equipa de primeira». Autor : Álvaro Gonçalves Fotos : Catarina Morais Fonte : ZeroZero |
sábado, 19 de outubro de 2013
Boavista: Uma camisola a pensar no regresso à 1ª Liga
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